A pandemia do coronavírus: uma reflexão crítica sobre os padrões alimentares corporativos
A epidemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, declarada pandemia pela Organização Mundial da Saúde em janeiro de 2020, suscita debates sérios sobre suas relações com os processos alimentares na era do capitalismo.
Por um lado, destaca as evidências da transmissão de agentes infeciosos por causas diretamente ligadas aos chamados sistemas ali-mentares modernos, pois enfraquecem a biodiversidade e, portanto, estimulam a passagem de agentes virais de espécies animais para humanos. Por outro, mostra que o terreno propício para o desfecho fatal da doença é o mesmo já produzido pelo processo alimentar corporativo em doenças crônicas não transmissíveis.
Além do projeto científico convencional que visa medicamentos e vacinas, o artigo propõe uma saída da crise descrita em seis propostas por meio da noção do agenciamento alimentar. Ela integra a abolição do modelo de desenvolvimento patriarcal do padrão alimentar corporativo, ao privilegiar o cuidado coletivo liderado pelas mulheres por meio da agroecologia familiar e comunitária, que promove a vida planetária no âmbito da soberania alimentar, entre outros.