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As três megafusões do agronegócio: os carrascos da soberania das agricultoras e agricultores

Argentina Itália França

Mariam Mayet e Stephen Greenberg

O sistema agrícola global é cada vez mais moldado pelas grandes empresas com base nos seus próprios interesses. Nos últimos 40 anos, assistimos a uma transferência significativa de poder dos Estados nacionais para as grandes empresas como condutoras do sistema agroalimentar global. Esta mudança tem várias dimensões, incluindo a liberalização do comércio, a privatização, a desregulamentação e a revisão da legislação a favor dos interesses empresariais e da globalização. Tal levou a que as grandes empresas tivessem maior autoridade para ditar os sistemas de governança e para repartir os riscos dos sistemas de produção e distribuição, gerando ondas de fusões e aquisições que resultaram numa concentração do poder empresarial. Os Estados nacionais ainda têm o seu papel, mas não tanto como mediadores das relações de poder entre o capital e as populações nacionais. Os Estados estão cada vez mais subordinados à lógica da acumulação de capital, das economias de escala e da concentração de conhecimentos técnicos e financeiros. Esta época aprofundou também a financeirização do sistema de várias maneiras. Desde a génese do capitalismo, as finanças têm sido uma característica fundamental do sistema – são o óleo que lubrifica os processos de produção e distribuição. No entanto, na era contemporânea, o capital financeiro depende cada vez mais da engenharia financeira para criar produtos (como os derivados financeiros) que permitam o lucro sem investimento em processos produtivos.