Os movimentos de justiça social estão a usar a soberania alimentar e a justiça climática como pontos de entrada para uma revisão sistemática radical. Embora muitas organizações de base tenham trabalhado histo-ricamente por setor, os ativistas estão a engajarse em conversas profundas para construir convergências sofisticadas para vencer lutas de longa data por recursos naturais e resolver várias crises.

Esses diálogos mostram sinergias dentro e entre os movimentos, das quais as mais vibrantes estão ligadas aos trabalhos sobre feminismos, agroecologia, água e transição justa. Esse momento profundo de diálogo político também desenterra tensões, muitas das quais estão a ser tratadas por meio de uma abordagem interseccional para a construção de alianças no com-bate de sistemas de opressão sobrepostos, como raça, classe e género. A transformação é inevitável neste momento de reverberação de choques económicos e ambientais globais, mas de que forma essa mudança desabrochará depende de nós. À medida que o capitalismo descende para um futuro impossível de forma acelerada, os movimentos de justiça social estão a mostrar à humanidade mais uma vez que outro mundo é possível, necessário e já está em andamento.

A rápida disseminação do coronavírus SARS-CoV-2 no início de 2020 é mais um sinal de que os seres humanos estão a devastar o planeta. A pandemia do COVID-19 obriga-nos a reavaliar o nosso relacionamento com o resto do mundo vivo em um contexto de múltiplas crises interconectadas. O aquecimento global e a drástica perda de diversidade biológica são manifestações claras da crise ecológica que ameaça a humanidade e o planeta. Os ecossistemas locais experimentam taxas de degradação sem precedentes.

Essa situação está ligada a uma crise socioeconómica marcada pelo aumento das desigualdades e pela concentração de recursos nas mãos de poucos poderosos. Também está ancorada na destruição de nossos tecidos sociais, o que leva à migração, guerras e fome. Enquanto isso, o aumento do autoritarismo e da polarização política está a exacerbar a violência contra comunidades e pessoas ao redor do mundo; e mulheres e homens não-brancos são particularmente afetados. Em suma, existe um vínculo estreito entre a maneira como as sociedades (mal)tratam e exploram os seres humanos e a natureza.

A epidemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, declarada pandemia pela Organização Mundial da Saúde em janeiro de 2020, suscita debates sérios sobre suas relações com os processos alimentares na era do capitalismo.

Por um lado, destaca as evidências da transmissão de agentes infeciosos por causas diretamente ligadas aos chamados sistemas ali-mentares modernos, pois enfraquecem a biodiversidade e, portanto, estimulam a passagem de agentes virais de espécies animais para humanos. Por outro, mostra que o terreno propício para o desfecho fatal da doença é o mesmo já produzido pelo processo alimentar corporativo em doenças crônicas não transmissíveis.

Além do projeto científico convencional que visa medicamentos e vacinas, o artigo propõe uma saída da crise descrita em seis propostas por meio da noção do agenciamento alimentar. Ela integra a abolição do modelo de desenvolvimento patriarcal do padrão alimentar corporativo, ao privilegiar o cuidado coletivo liderado pelas mulheres por meio da agroecologia familiar e comunitária, que promove a vida planetária no âmbito da soberania alimentar, entre outros.

Este documento apresenta a análise preliminar da FIAN Internacional do impacto da Covid-19 e das medidas tomadas pelos governos de todo o mundo para conter a pandemia sobre a garantia e a realização do direito humano à alimentação e à nutrição (Dhana).

Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, a Rede Global pelo Direito à Alimentação e à Nutrição lança “O poder das mulheres na luta por soberania alimentar”

O Reino Unido atravessa uma crise: uma brecha cada vez maior entre aqueles que têm meios e os que não têm, austeridade, racismo, islamofobia , homofobia e xenofobia, um aumento do extremismo da direita, do entrincheiramento do poder corporativo e de políticas neoliberais são uma realidade quotidiana. O Brexit mergulhou o Reino Unido numa crise de incerteza. O Reino Unido está atolado numa crise de pobreza, de bem - estar social, crise imobiliária, de fome e de direitos humanos. No meio destas múltiplas crises, o impacto sobre as mulheres de cor permanece invisível.

O nosso planeta está à beira do colapso ambiental e a fome está a aumentar. De acordo com o Relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo de 2018 (SOFI), o número de pessoas afectadas pela desnutrição e privação crónica subiu pelo terceiro ano consecutivo: 821 milhões de pessoas sofriam de subnutrição em 2017, um aumento de quase 5% em relação aos 784 milhões de 2015.  Face a esta realidade, é fundamental que se dê atenção especial ao papel das mulheres, que são desproporcionalmente afectadas pela fome, bem como pelas mudanças climáticas, apesar destas serem uma parte crucial da solução para estes problemas.